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A canção é basicamente a reinterpretação de uma carta escrita por um homem trancafiado em um asilo desde criança apenas pelo excesso de imaginação que quando criança o fez acreditar que estava "falando com o diabo". Vinte anos é o tempo passado no instituto, um tempo vivido na expectativa de Margherita, a amada a quem se destina a carta escrita antes de António tirar a própria vida. É claro que a carta é um pretexto para falar sobre a condição em que as pessoas com doença mental vivem há anos, uma reflexão sobre o conceito de loucura e o que os loucos representam para a sociedade. "Pontos de interrogação sem frases, milhares de naves espaciais que não voltam à base", como que para sublinhar a incapacidade de colocar estas pessoas num contexto sem que elas "perturbem" a paz, "os loucos são apóstolos de um deus que não os quer". Particularmente significativa e teatral foi a performance de Cristicchi naquele Sanremo, canção interpretada com o elemento cênico de uma cadeira na qual, na parte final da canção, o artista subiu imitando o gesto de voar, ou o de Antonio se jogando no vazio.