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Na guerra e no amor, tudo é permitido. Quantas vezes já o sentimos e quantas vezes o experimentamos na pele diante de um amor distante, que nos escapa ou nem nos percebe. E é aqui que não podemos fazer nada além de vestir nossa melhor armadura e nos aventurar em terras desconhecidas e inacessíveis, onde "neve e pântanos" nos impedem de avançar. Mas o que nos desloca acima de tudo é essa ferocidade que de repente emerge dentro de nós, esse desejo de posse que nos torna semelhantes a um general cruel, prestes a sitiar o reduto de um Império. Porque o amor, nos diz Anna Oxa, também pode ser isto: pura luta. Uma guerra implacável onde todos os dias há uma fortaleza para conquistar, que são as nossas certezas, mas também a rigidez da pessoa à nossa frente. Mas será que podemos realmente vencer no amor? Depois de atravessarmos os pântanos, tomarmos as fortalezas, tirarmos nossa espada afiada, sitiarmos nosso objetivo, então vencemos? Enquanto houver medo, enquanto formos resistidos, nosso desejo de amor pode ser realizado? E é aqui que a voz de Anna Oxa irrompe num grito desesperado, que é uma rendição incondicional, é a bandeira branca que sobrevoa a cidade a ser sitiada. Como Anna Oxa canta nos versos finais e talvez mais emblemáticos de toda a peça: "Sem piedade, eu te amarei com todo esse meu amor e, sem piedade, me tornarei seu reino".